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Maio oito meia, crônica de uma geração em movimento

Fêlix Alberto Lima
Books: Historia

In Stock

55,90 € tax incl.

Data sheet Books

Editorial Clara Editora
Style Historia
Original Edition Year 2017

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188 páginas (22 x 31 cm, ilustrado, tapa dura) (Peso: 1180 gr).



"Maio Oito Meia parte da polêmica exibição do filme “Je Vous Salue, Marie”, de Jean-Luc Godard, em maio de 1986, no campus do Bacanga, e avança sobre as disputas políticas no meio da militância estudantil, os festivais de música na UFMA, a poesia cambaleante da Akademia dos Párias, o Circo Voador no México, o Comunicarte, o show de Lobão e Titãs no Colégio Maristas, entrevistas memoráveis com Agostinho Marques e Luís Carlos Prestes, as primeiras eleições diretas para reitor na universidade, o jornal laboratório do curso de Comunicação Social e muitos outros fatos. Em “Maio Oito Meia”, cujo prefácio é assinado pelo jornalista e poeta Eduardo Júlio, estão as impressões digitais de uma geração que, passados 30 anos, não perdeu de vista o sonho de transformar delírio em pós-realidade."

Felix Alberto Lima é também publicitário e autor dos livros Guajá, a odisseia dos últimos nômades (Edufma, 1998), Almanaque Guarnicê (Clara Editora/Edições Guarnicê, 2003) e Chagas em pessoa (Edições Func, 2006). Como letrista, tem músicas gravadas por Betto Pereira, Alessandra Queiroz, Anna Torres, Thiago Paiva, Alê Muniz e Luciana Simões (Criolina)."

"O Maranhão é rico de história, mas, contraditoriamente, tem uma memória registrada muito pobre. São escassos os apanhados que resgatam momentos da trajetória dos maranhenses nos diferentes aspectos que envolvem essa caminhada. Uns documentam situações e episódios importantes, outros dão dimensão adequada, ainda que frágil, a personagens as mais diversos, produzindo rascunhos cuja utilidade maior é servir de ponto de partida para quem se dispuser a mergulhar e reconstruir a verdade à tona. Um caminho para se resgatar a memória e compreender o Maranhão de pouco tempo atrás e que gerou o Maranhão de agora e o que vem por aí foi aberto pelo jornalista Félix Alberto Lima nas surpreendentes, impactantes e comoventes 188 páginas de Maio oito meia, crônica de uma geração em movimento, um registro de momentos, movimentos, eventos, atitudes, posicionamentos e passos decisivos que transformaram o Campus do Bacanga, da Universidade Federal do Maranhão, a partir do Curso de Comunicação Social, num micromundo efervescente de ideias e ações políticas e culturais entre 1986 e 1990, onde uma geração viveu, livre e apaixonadamente, nas ondas da utopia, os primeiros momentos de democracia após uma ditadura que durou duas décadas. A política predominou no roteiro frenético e intenso, e no qual a arte, especialmente a poesia, e seus criadores, fizeram a sua parte. O desenrolar do processo com tintura revolucionária forjou a geração de líderes que hoje dá as cartas no Maranhão, que tem no governador Flávio Dino o exemplo mais expressivo na política, o cantor e compositor Zeca Baleiro na música e o próprio Félix Alberto e Wal Oliveira nas duas áreas básicas da comunicação de massa, o jornalismo e a publicidade.

Construído com os mais diversos recursos do jornalismo – crônica, reportagem, entrevista, memória, investigação, pesquisa, etc. –, Maio oito meia, crônica de uma geração em movimento conta, em 12 estridentes capítulos, a saga daquela geração de adolescentes que “atravessou a Barragem do Bacanga” atrás do sonho de obter conhecimentos , alcançar a graduação e entrar no mercado de trabalho, mas que, impulsionada pelas ideias libertárias que trazidas da luta contra a ditadura e pelos fluídos remanescentes da Greve de 79 em São Luís, construiu ali um mundo à parte, a sua utopia e a sua realidade, com aguerridas barricadas, lembrando os “revolucionários do céu” da rica e miserável Paris de Vitor Hugo. Essa geração descobriu ali a força, a beleza, os problemas e as contradições da democracia, e debateu a fundo o sonho de delinear uma sociedade livre, democrática, solidária e sobretudo justa.

O livro de Félix Alberto Lima mostra, em cada crônica, que aqueles jovens, oriundos dos diversos níveis de uma pirâmide social absurdamente desigual, descobriram nas salas de aula, nas assembleias, nos embates, nas rodas de fumaça e nas de cerveja e cana pura na Área de Vivência e no Sá Viana, a noção possível de igualdade e as possibilidades de virar o jogo usando as bases da democracia. E o fizeram por meio do confronto verbal direto, das experiências jornalísticas antimercado, do assembleísmo terceiro-mundista, mas também dos recitais de poesia e dos festivais de música popular.

Com narrativa leve, linguagem direta e enriquecida por imagens precisas, recorrendo também a um humor sutil e inteligente, Félix Alberto Lima registra, por exemplo, que parte daquela geração começou a pensar já nos grêmios secundaristas que agitavam a escola pública e a privada nos estertores da ditadura (...)
Com precisão jornalística, Maio oito meia, crônica de uma geração em movimento resgata os diversos momentos e embates renhidos do movimento estudantil, fracionado em radicais e articuladas correntes da esquerda – ser de direita, ainda que democrática, era crime hediondo-, com eleições diversas, todas marcadas por campanhas agitadas, tensas e, por isso mesmo, memoráveis. Relata, como roteiro de um filme de ação, o dia em que estudantes, depois de uma verdadeira odisseia e sob pressão da Polícia Federal, então ainda vista como um braço mau da ditadura, exibiram o filme Je vous salue, Marie, do genial e provocador cineasta francês Jean-Luc Godard, que por pressão da Igreja Católica, estava cesurado e proibido Brasil pelo então presidente José Sarney (PMDB). Conta também como aquele momento foi influenciado pela Akademia dos Párias, um movimento poético que se contrapôs aos padrões conservadores usando ao extremo a liberdade de expressão artística e ultrapassando todos os limites impostos ao comportamento. Registra os festivais de música realizados pelas entidades estudantis, que não apenas marcaram o período no Campus da UFMA, como repercutiram fortemente além dos seus muros, revelando grandes nomes da MPM, como Zeca Baleiro, Zé Pereira Godão, Luis Bulcão, Sérgio Brenha.Mano Borges, Celso Reis, Ronald Pinheiro, Lourival Tavares e muitos outros. E conta a tensa relação dos militantes do Movimento Estudantil com o reitor José Maria Cabral Marques, e com a comunidade do Sá Viana, que se transformou no seu campo de experimento para as transformações libertárias.

Maio oito meia, crônica de uma geração em movimento abriga duas entrevistas que nada têm a ver uma com a outra, mas que traduzem com precisão a visão de mundo da geração que se moveu intensamente naquele período e a sua própria tradução por um dos seus gurus. A visão de mundo está nas palavras do lendário líder comunista Luis Carlos Prestes, que em passagem por São Luís incendiou os revolucionários da UFMA. A interpretação do movimento é feita pelo professor Agostinho Marques, até hoje reverenciado como ideólogo e guru da geração que sacudiu o micromundo chamado Campus do Bacanga. A última crônica livro mostra que, na esteira das regras da democracia, das liberdades e da moldagem de um novo país, que nasceu com a Assembleia Nacional Constituinte de 1988 e das contradições cada vez mais evidentes das ideias politicas e culturais, a “geração oito meia” saiu da cena universitária em 1990, abrindo caminho para uma nova, menos barulhenta, mas com certeza respirando os mesmos sonhos e utopia.

Com o livro – que é complementado com um documentário que resgata aquele momento e um disco com o melhor das músicas que embalaram o período -, o jornalista, publicitário, escritor e poeta Félix Alberto Lima dá uma baita, saudável e oportuna contribuição para a construção da memória do Maranhão."