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O meu nome é qualquer um

César Lacerda & Romulo Fróes
Discs: MPB

In Stock

20,38 € tax incl.

Data sheet Discs

Seal YB Music
Style MPB
Original Edition Year 2016

More info

César Lacerda (voz, guitarra acústica, piano), Romulo Fróes (voz)

Rodrigo Campos (guitarra acústica, guitarra eléctrica, cavaquinho).

Edición en formato Digipack.

"A estética carnavalizante da foto de José de Holanda que expõe César Lacerda e Romulo Fróes na capa do álbum O meu nome é qualquer um (Circus / YB Music) está em sintonia com o conceito deste extraordinário disco que questiona o estereótipo da masculinidade ao registrar a recém-aberta parceria de Lacerda com Fróes. É na folia que homens se (tra)vestem de mulheres em inversão de papéis sociais que diz muito sobre os códigos sexuais e políticos da selva das cidades."
Obra-prima da música brasileira contemporânea, O meu nome é qualquer um faz política e sexo, versando sobre tais códigos a reboque dessa parceria que causou estranheza no universo indie pop ao ser anunciada pelos cantores e compositores neste ano de 2016.

Mineiro de Diamantina (MG), Lacerda migrou para a cidade do Rio de Janeiro (RJ) e, na sequência, se radicou em São Paulo (SP), cidade natal de Fróes. O encontro inicial entre os dois artistas aconteceu em Belo Horizonte (MG) em 2015, mas foi na efervescência musical de Sampa que a parceria floresceu, gerando 21 músicas em que um assina a melodia e o outro, a letra, sendo que ambos se revezam nas composições de letras e melodias. Treze estão alinhadas no disco produzido por Lacerda e Fróes com Carlos Lima.

Além do toque do violão de Lacerda e das vozes dos dois cantores (os graves densos de Fróes se harmonizam estranhamente bem com os eventuais falsetes e o expansivo tom nasal do canto de Lacerda), ouve-se no álbum somente o violão e o cavaquinho eventual de Rodrigo Campos. E isso não é pouco. Compadre musical de Fróes, Campos tem presença fundamental no disco, colaborando decisivamente para a construção da envolvente atmosfera sonora de O meu nome é qualquer um.

O som é o da música brasileira do século XXI, mas ecos da MPB e do samba dos anos 1960 e 1970 reverberam no disco. Os toques frenéticos dos violões e os expansivos vocais agudos que desorganizam intencionalmente o movimento de Transa qualquer um (música de Romulo Fróes com letra de César Lacerda) remetem a Gilberto Gil, ainda que Caetano Veloso seja a referência entranhada na arquitetura deste transamba que perfila menino de olhos de águia e corpo miúdo que goza a liberdade sexual.
Sim, O meu nome é qualquer um tem alta carga erótica. O sexo é explicitamente o alvo de Flecha empenada (música de Romulo Fróes com letra de César Lacerda). Só que, no caso, o sexo é disparado como arma política em tempos cerceadores de liberdades, inclusive as eróticas. A música-título O meu nome é qualquer um (música de César Lacerda com letra de Romulo Fróes) já abre o disco com evocação da poética de Terezinha (Chico Buarque, 1977), mas o terceiro nunca chega, pois a personagem da canção é de qualquer um na letra que, por ser cantada por dois homens, adquire caráter homoerótico. O que sintoniza a faixa com o petardo político arremessado na descrição fria de Estatística (música de Romulo Fróes com letra de César Lacerda). Está lá, no beco e na letra, o corpo negro estendido no chão que bem poderia ser o de um gay assassinado em tempos homofóbicos.
Entre o samba e a canção, O meu nome é qualquer um alinha polaroides urbanas, de frente para os crimes cotidianos, com urgências que somente um olhar de amor pode apaziguar, um olhar capaz de, por instantes, cessar o fluxo incessante da vida. É o que parece querer dizer Faz parar (música de César Lacerda com letra de Romulo Fróes), beleza estranha de um disco coeso que jamais perde o fio da meada. E, como já filosofou o rei Gil a respeito do tempo, tudo pode estar por um segundo, inclusive o ato de recomeçar. É sobre essa mutante fração de segundo que versa o samba Tique taque (música de Romulo Fróes com letra de César Lacerda).
Com dose cavalar de beleza melódica e poética, Ponto final (música de Romulo Fróes com letra de César Lacerda) lembra que nenhum Cristo pode redimir ou salvar atualmente a cidade do Rio de Janeiro (RJ), cujo samba tem sido atravessado pela violência, pelas injustiças sociais e pelos problemas raciais. Única faixa em que se ouve um piano (tocado por Lacerda), Eu sou você (música de César Lacerda com letra de Romulo Fróes) injeta lirismo afetivo em versos como "Sou daquele que coube me inventar". Mas na cabeça cabe tudo. "Cabe até aquilo que não se inventou", como sentencia verso do samba-choro Manda brasa (música de César Lacerda com letra de Romulo Fróes), uma das músicas mais palatáveis de disco que pode soar difícil para quem fecha os ouvidos para qualquer música feita fora dos padrões estéticos da MPB.

A caetânica Antepenúltimo paralelepípedo (música de Romulo Fróes com letra de César Lacerda) regurgita o desassossego urbano rebobinado em Todo o mundo em mim (música de Romulo Fróes com letra de César Lacerda), faixa em que, ao fim, se instala mansidão que amortiza os incômodos cotidianos, vislumbrando o encanto. É nesse tom ameno que, na sequência, Em mim (música de César Lacerda com letra de Romulo Fróes) se aclimata no fecho deste álbum político e sexual, mostrando que – mesmo sem sinal de que haja algum farol para se mirar, como dizem versos dessa canção, uma das maravilhas contemporâneas do disco – é possível encontrar alguma paz interior no silêncio, dentro de si, fora do caos retratado nesta obra-prima de César Lacerda e Romulo Fróes. (Maur Ferreira, blog G1.globo.com, Calificación: * * * * *)

Themes

CD 1
01
O meu nome é qualquer um
César Lacerda - Romulo Fróes
02
Flecha empenada
Romulo Fróes - César Lacerda
03
A estatística
Romulo Fróes - César Lacerda
04
Faz parar
César Lacerda - Romulo Fróes
05
O homem que sumiu
César Lacerda - Romulo Fróes
06
Ponto final
Romulo Fróes - César Lacerda
07
Tique taque
Romulo Fróes - César Lacerda
08
Eu sou você
César Lacerda - Romulo Fróes
09
Manda brasa
César Lacerda - Romulo Fróes
10
Transa qualquer um
Romulo Fróes - César Lacerda
11
Antepenúltimo paralelepípedo
Romulo Fróes - César Lacerda
12
Todo o mundo em mim
Romulo Fróes - César Lacerda
13
Em mim
César Lacerda - Romulo Fróes