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Gagabirô

João Bosco
Discos: MPB

Próximamente disponible

27,90 € impuestos inc.

Ficha técnica Discos

Sello Universal Music
Estilo MPB
Año de Edición Original 1984

Más

João Bosco (voz, guitarra acústica, arreglos)

César Camargo Mariano o Cristóvão Bastos (piano, teclados, arreglos), Sérgio Carvalho (piano), Nico Assumpção (bajo eléctrico, arreglos), Jamil Joane o Luizão Maias (bajo eléctrico), Téo Lima o Wilson das Neves (batería), Robertinho SIlva (batería, percusión), Don Chacal, Armando Marçal (Marçalzinho), Gordinho (Antenor Marques Filho), Milton Manhães, Roberto Pinheiro, Paulo Correa, Elizeu Felix, Jorginho do Pandeiro (Jorge José da Silva), Marçal (Nilton Delfino Marçal) y Trambique (José Belmiro Lima) (percusión), Luna Messina, Cláudia Telles, Márcio Lott, Regininha, Zenilda Barroso, Zélia Bastos dos Santoss, Stênio Barcellos, Raymundo Lopes Netto, Maura Maria, Marlene da Silva, Tufic Lauar, Dinorah (Affonsina Pires), Eurídice, Carlos Alberto de Souza (coros), Ivan Paulo (Ivanovich Paulo da Silva) (arreglos) y orquesta de cuerdas (con arreglos de Dori Caymmi).

"Além do grande sucesso “Papel Marchê, Gagabirô, décimo álbum de João Bosco, foi o primeiro disco em que apareceram músicas-solo, onze anos após o álbum inicial "João Bosco" (1973) (...) A palavra Gagabirô, segundo João, foi inventada por ele, e não significa nada. É apenas a união de sonoridades que o artista achou bonitas, sons aparentemente aleatórios. É uma não-palavra indubitavelmente sonora (...) É uma palavra alegre, e usa o /g/ repetido, oclusiva sonora, um som sempre do agrado dele, e por ele constantemente usado.
Neste disco há três músicas-solo: “Bate um balaio ou Rockson do Pandeiro”, “Gagabirô” e “Tambores”. Uma das canções, “O Retorno do Jedai” teve execução pública vetada pela Censura Federal, mas foi liberada para a gravação. Não apresenta nenhuma questão política, apenas um certo “desbocamento”, se é que o termo existe...
Jackson do Pandeiro não é mais popular, não mora nas lembranças do público em geral, consumidor de música de mercado, porém é inegável sua influência sobre nossos compositores. Sobre isso, as palavras de João: “Aí tem o negócio do Jackson, que tá ligado já no Bate um balaio, que na verdade o bate um balaio é Jackson, né? Minha paixão pelo Jackson, pela divisão rítmica do Jackson e eu não sei como dizer de Jackson... Então eu começo a cantar trechos de Carolina, que na verdade não é Jackson, tem coisas do Luiz Gonzaga... É, tem aquele A-E-I-O-U-Y, que é Jackson, que é Jackson puro, aquela maneira de... Eu fiquei muito feliz quando eu cantei isso no Chico, no programa do Chico e Caetano. Eu me lembro que quando eu terminei o ensaio o Chico veio falar comigo, que era a primeira vez que via a homenagem de um músico para outro músico, onde a música fosse a coisa que contasse mesmo. E o Jackson era um músico que gostava do ritmo, que gostava dos declives, dos aclives das palavras, acentuação rítmica. Um cara que caminhava assim com a música, com um gingado assim tão especial. Talvez Bate um balaio seja uma homenagem a toda aquela performance do Jackson (...)"
Nesta faixa o arranjo é do próprio João Bosco (...) Vez por outra o sintetizador aparece, fazendo a voz da gaita (sanfona) de Jackson (...) A observação que Chico Buarque faz é uma observação importante, pois ouvir a peça com atenção faz-nos ver justamente o citado no parágrafo anterior: um uso esquemático, simplicíssimo, as vozes instrumentais, que mais sugerem Jackson do que o dizem. Surpreendentemente, relembram mais Jackson do que se o dissessem com todas as notas de sanfona possíveis, como se nossa memória as completassem com as três sugestões de sanfona dadas pelo sintetizador – e as de Jackson ficam no ar, numa leveza fantasmagórica, pura indução (...)
“Gagabirô” é um caso à parte, um caso totalmente à parte, “Gagabirô”, como é palavra inventada, não apresenta a tematização que pode ser sugerida pelo título, a qual já conduz para uma atribuição, mesmo que vaga, de sentido. E o decorrer da composição mostra uma evidente diferença entre as duas partes, aquela que é uma repetição (“à moda de João”, o que significa que pode haver adaptações feitas por ele). No rótulo do disco, há a discriminação de que a abertura é um canto de “wembá” (grafado com acento). No encarte não há letra para “Gagabirô”, mas o próprio João explica: “Tem letra e eu sei a letra, mas, na verdade, como é que eu vou escrever isso lá? Eles vão dizer que eu tô delirando... Enfim, eu não vou dizer que sim, vou dizer que não tem letra, não escrevo nada, e fica só a sonoridade. Mas você bota ali e tá ali aquela sonoridade, e é engraçado, porque cada vez que você passa por ali é a mesma sonoridade, como se aquilo tivesse realmente um vocabulário próprio” (...)
A terceira e última música-solo deste disco se chama “Tambores”. Aqui, como em “Bate um balaio”, há uma mistura de palavras e sonoridades, que no entanto vai ser canalizada para uma leitura diferente, já que título e arranjo a tornam enigmática. Não há nada na letra que conduza aos tambores do título. No arranjo, só entram três vozes (João, baixo e violão, o violão dele, uma espécie de alter
ego, já que toca de maneira inconfundível). E todas elas vão “vogar num sonho”, que a voz, escandindo a sílaba final do nome de cada ritmo citado (embora pragmaticamente colocando-os também na mesma métrica de chá-chá-chá), de forma a arrastá-la mais,
torna evidente. Só o violão e o baixo marcam o ritmo (...) é através da batida de violão e baixo que João mostra a batida dos tambores – fala de novo de um objeto sem usá-lo diretamente - sendo os tambores instrumentos dos mais cheios de simbologia (...)
Essas três canções são uma amostra da capacidade do autor de se manter sutilmente difícil dentro do cancioneiro popular, reino do fácil por excelência, onde tanto arranjo como interpretação e melodia se aliam à expressividade sonora da letra para sugerir leituras extremamente ricas, enquanto as realizações rítmicas as fazem atraentes para os ouvidos mais despreocupados ou mais musicais.
Em “Tambores”, o clima do sonho com os instrumentos que são sugeridos pelo emprego de nenhuma percussão, no país da percussão máxima – com a criação de instrumentos únicos como reco-reco, cuíca, berimbau - vai ser reforçado pela alusão
aos ritmos afroamericanos (chá-chá-chá, mambo, samba), à língua afro transplantada e corrompida (ioruba), a elementos de mescla desta cultura (Africaribe = África + Caribe + Caribé, este o pintor e desenhista argentino radicado na Bahia, ilustrador de livros de Jorge Amado, amante declarado das coisas negras), e outras sugestões assim retiradas da partição possível das palavras: iuca, arara – arará, que ai, bebé, mamá na vaca ocê não quer, este último mineiramente implícito. E não dá pra ser mais mineiro do que isso... Ao mesmo tempo, há a coexistência com o ié-ié, que remete aos Beatles, universalíssimo, mesmo que britânico."

Temas

CD 1
01
Bate um balaio ou Rockson do pandeiro
João Bosco
04:25
02
Papel marché
João Bosco - José Carlos Capinan
03:18
03
Pret-a-porter de tafetá
João Bosco - Aldir Blanc
03:31
04
Imã dos ais
João Bosco - José Carlos Capinan
03:42
05
Gagabirô
João Bosco
05:00
06
Jeitinho brasileiro
João Bosco - Aldir Blanc
04:00
07
Tambores
João Bosco
03:46
08
Retorno de Jedai
João Bosco - Aldir Blanc
02:32
09
Senhoras do Amazonas
João Bosco - Antonio Carlos Belchior (Belchior)
03:12
10
Dois mil e índio
João Bosco - Aldir Blanc
04:01