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Rosa dos ventos - Show encantado

Maria Bethânia
Discos: MPB

Próximamente disponible

14,95 € impuestos inc.

Ficha técnica Discos

Sello Philips / Universal
Estilo MPB
Año de Edición Original 1971
Concierto

Más

Maria Bethânia (voz)
Terra Trio: Zé Maria Rocha (piano), Fernando Costa (contrabajo) y Ricardo Costa (batería).

Registro "ao vivo" del innovador espectáculo concebido y dirigido por Fauzi Arap, con dirección musical de Roberto Menescal, que combinaba textos y canciones populares (por ejemplo, en este show Bethânia declamó por primera vez un fragmento de Fernando Pessoa), que tuvo un resonante éxito de público. También lo tuvo el disco, el más vendido de la cantante hasta esa fecha, a pesar de que la calidad de la grabación no es perfecta. Histórico.

"Existem álbuns que marcam definitivamente a presença de um artista ou banda no universo da música. No caso de Maria Bethânia, cantora baiana projetada nacionalmente a partir de fevereiro de 1965, ao substituir Nara Leão (1942 – 1989) no teatralizado show Opinião (1964 / 1965), este álbum definidor é Rosa dos Ventos – Show encantado, lançado em 1971.
Não por acaso trata-se de álbum ao vivo, flash instantâneo de Bethânia no palco, habitat natural desta intérprete de tons dramáticos, vocacionada para a cena.
Sucesso da temporada carioca de 1971, tendo ficado meses em cartaz no Teatro da Praia (RJ) antes de seguir para a temporada paulistana no Teatro Maria Della Costa (SP) e para temporada baiana no Teatro Castro Alves (BA), o espetáculo Rosa dos ventos é a matriz impressa desde então nos shows posteriores da artista.
Ecos deste show reverberaram ao longo da trajetória da cantora nos palcos, sedimentando o acerto da conexão de Bethânia com o diretor e ator de teatro Fauzi Arap (1938 – 2013), condutor da intérprete em cena ao criar roteiros que entrelaçavam músicas e textos, geralmente poesias.
Rosa dos ventos foi o aprimoramento da parceria de Fauzi com Bethânia, iniciada quatro anos antes com o show Comigo me desavim (1967), no qual Bethânia disse, pela primeira vez, texto da escritora Clarice Lispector (1920 – 1977), à cuja obra a cantora retornou em Rosa dos ventos, com direito a texto inédito de Clarice, escrito para o espetáculo.
O show encantado de 1971 também promoveu a marcante conexão de Bethânia com o poeta português Fernando Pessoa (1888 – 1935), cuja obra seria recorrente a partir de então nos espetáculos da artista.
Pelas precárias condições técnicas em que o show foi gravado, por iniciativa de Roberto Menescal, então diretor artístico da gravadora Philips, espanta que o disco apresente som quente, sobretudo na edição em CD lançada em 2006 com remasterização de Luigi Hoffer.
O álbum Rosa dos ventos – Show encantado chega aos 50 anos em 2021 com a mesma força dramática de 1971, mesmo que o roteiro tenha sido fragmentado na transposição para o disco, com as músicas fora da ordem original – o que desgostou profundamente Bethânia.
Infelizmente, por questão de espaço no LP, cuja (já raríssima) edição original tinha capa dupla, o álbum perpetua somente um registro parcial do show com o agravante de que, como o roteiro ficou fora da ordem na disposição das músicas nos dois lados do LP (sem a numeração das faixas, divididas em 13 somente na edição em CD), o conceito do roteiro se perdeu.
Exemplo da habilidade de Fauzi Arap na costura de músicas e textos, esse roteiro associava as músicas a cada um dos quatro elementos da natureza – água, ar, fogo e terra – e, com o reforço dos textos, criou show com forte carga espiritual e psicológica, com ecos do trabalho da psiquiatra Nise da Silveira (1905 – 1999) sobre o inconsciente.
É quando Bethânia “abre as portas que dão para dentro” para se perder no labirinto sombrio por onde se move Janelas abertas nº 2 (1971), música do mano Caetano Veloso, compositor também presente no disco com as lembranças das canções Avarandado (1967) e Não identificado (1971).
O caráter psicológico do roteiro do show Rosa dos ventos também está exemplificado no disco quando a cantora faz desabrocha a densidade de Flor da noite (Toquinho e Vinicius de Moraes, 1971), música sobre “louca mansa” do Pelourinho, em Salvador (BA).
Com a voz de Bethânia à frente, o som do disco nem sempre capta toda a maestria dos toques dos músicos do Terra Trio, responsáveis pela musicalidade do álbum. Agrupados desde 1966, o pianista Zé Maria, o baixista Fernando Costa e o baterista Ricardo Costa começaram a tocar com Bethânia já em 1967 e acompanhariam a cantora ao longo de toda a década de 1970.
Em Rosa dos Ventos, o Terra Trio embasou as incursões de Bethânia por repertório antenado com as novidades da MPB. Parceira do poeta Tite de Lemos (1942 – 1989) em Assombrações (1971), música que abre o álbum, Sueli Costa já tinha sido lançada em disco por Nara Leão em 1967, mas somente ganhou impulso como compositora a partir do show Rosa dos ventos, cujo roteiro original incluía outras duas músicas de Sueli com Tite, Aldebarã e Sombra amiga, ausentes do registro fonográfico.
Cabe ressaltar também que a música-título Rosa dos ventos (1970) era composição que passara quase despercebida no álbum lançado por Chico Buarque no ano anterior e até mesmo na gravação feita em estúdio pela cantora para o álbum A tua presença, lançado naquele mesmo ano de 1971. Foi Bethânia quem expôs, no show, toda a dimensão dramática da canção de Chico, desde então associada primordialmente à intérprete.
Mesmo fragmentado e sem o elo conceitual do show, o repertório do disco Rosa dos ventos aponta e reitera caminhos seguidos por Bethânia em trajetória pavimentada com extrema coerência.
Estão lá os sambas de roda do Recôncavo baiano, os mergulhos no cancioneiro de Dorival Caymmi (1914 – 2008), as saudações aos orixás – representadas pelo canto do então recente Ponto de Oxum (Toquinho e Vinicius de Moraes, 1971) – e a devoção ao sambista baiano Oscar da Penha ( 1924 – 1997), o Batatinha, apresentado por Bethânia antes de medley em que encadeou Hora da razão (Batatinha e J. Luna, 1971), Imitação (Batatinha, 1971) e Toalha da saudade (Batatinha e J. Luna, 1971).
O entrelaçamento de Lembranças (Raul Sampaio e Benil Santos, 1961) com a recente Minha história (Gesù bambino, Lucio Dalla e Paola Pallottino, 1970, em versão em português de Chico Buarque, 1971) é exemplo da capacidade de Bethânia de ressignificar canções com outro olhar, outro enfoque ou outra costura.
Muito se perdeu do show para o disco, mas, ao menos, ambos se encerram da mesma forma. Após saudar o encontro interior abordado em texto inédito de Clarice Lispector, Bethânia segue Movimento dos barcos (Jards Macalé e José Carlos Capinan, 1971).
Não, Maria Bethânia nunca ficou no porto lamentando temporais e o curso inexorável da vida. As coisas foram passando e a cantora passou com elas, sempre fiel a si mesma. E, justamente por tamanha fidelidade, há coisas que nunca passam, como este já cinquentenário álbum ao vivo Rosa dos ventos – Show encantado, disco definidor da carreira de Maria Bethânia." Mauro Ferreira (g1.globo.com, 30.01.2021)

Temas

CD 1
01
Assombrações
Sueli Costa - Tite de Lemos
02
O tempo e o rio
Edu Lobo - José Carlos Capinan (Capinan)
03
Ponto de Oxum
Toquinho - Vinicius de Moraes
04
Texto nº 1
Fernando Pessoa
05
O mar
Dorival Caymmi
06
Suíte dos pescadores
Dorival Caymmi
07
Avarandado
Caetano Veloso
08
Toalha da saudade
Batatinha - J. Luna
09
Imitação
Batatinha
10
Hora da razão
Batatinha - J. Luna
11
Cantigas de roda
Folclore Baiano
12
Doce mistério da vida (Ah! Sweet mystery of life)
Victor Herbert
13
Texto nº 2
Fernando Pessoa
14
Minha história
Dalla - Pollottino
15
Lembranças
Raul Sampaio - Benil Santos
16
El día que me quieras
Carlos Gardel - Alfredo Le Pera
17
Rosa dos ventos
Chico Buarque de Hollanda (Chico Buarque)
18
Texto nº 3
Fernando Pessoa
19
Janelas abertas nº 2
Caetano Veloso
20
Não identificado
Caetano Veloso
21
Flor da noite
Toquinho - Vinicius de Moraes
22
Texto nº 4
Clarisse Lispector
23
Movimento dos barcos
Jards Anet da Silva (Jards Macalé) - José Carlos Capinan (Capinan)
24
Texto nº 5
Moreno