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Ilusão à toa - Mauro Senise toca Johnny Alf

Mauro Senise
Discos: Jazz / MPB

Disponible

18,49 € impuestos inc.

Ficha técnica Discos

Sello Biscoito Fino
Estilo Jazz / MPB
Año de Edición Original 2020
Instrumental

Más

Mauro Senise (flautas, saxo soprano, saxo alto)

Adriano Souza o Cristóvão Bastos o Gilson Peranzzetta (piano, arreglos), Jota Moraes (piano, vibráfono, arreglos), Jaime Alem (guitarra acústica), Bruno Aguilar o Jefferson Lescowich o Zeca Assumpção (contrabajo), Ricardo Costa o Danilo Amuedo (batería), Fabio Luna o Mingo Araújo (percusión), David Chew (cello), Roberto Araújo (arreglo).

Participación especial de: João Senise (voz), Raul Mascarenhas (saxo tenor) y Johnny Alf (voz y piano, en playback).

Edición en formato Digipack.

"Quando Mauro Senise leva literalmente na flauta o choro Seu Chopin, desculpe (Johnny Alf, 1964), em arranjo jazzístico criado pelo pianista Adriano Souza, é como se o saxofonista e flautista carioca estivesse adentrando novamente a porta da boate Le Bateau.
Foi nesse reduto do samba-jazz no bairro carioca de Copacabana que, em 1973, o então jovem iniciante Senise se deparou ao vivo com a modernidade perene da obra e do piano do compositor e músico conterrâneo Alfredo José da Silva (19 de maio de 1929 – 4 de março de 2010), sendo tocado pela música do gênio artisticamente conhecido como Johnny Alf.
A diferença é que, em março de 2019, quando gravou o álbum Ilusão à toa – Mauro Senise toca Johnny Alf, Senise já era músico tarimbado e conceituado na cena instrumental carioca.
Lançado pela gravadora Biscoito Fino neste mês de outubro de 2020, em CD e em edição digital, o disco flagra Senise com maturidade para percorrer – e reinventar, com a liberdade dada aos músicos que falam a língua universal do jazz – os caminhos harmônicos desbravados nos anos 1950 por Alf, reconhecidamente um dos arquitetos da modernista construção da bossa nova.
Com capa que expõe aquarela de Ana Luisa Marinho e com texto (na edição em CD) em que Senise recorda o sopro de juventude ao ver e ouvir Alf no escurinho da boate Le Bateau, o álbum Ilusão à toa jamais tem nota jogada fora ao longo das 13 faixas.
O que é amar (1953), por exemplo, ultrapassa os nove minutos e justifica a duração na gravação arranjada pelo pianista Cristovão Bastos para o sopro do sax alto de Senise porque, além da técnica, existe na faixa – assim como na abordagem de Disa (Johnny Alf e Maurício Einhorn, 1964) – o que pode ser caracterizado como “alma” ou “sentimento”.
É dessa conexão entre técnica e emoção (depurada, pois o cancioneiro de Alf sempre podou excessos pela própria natureza cool) que se alimenta Senise quando sopra o sax alto, instrumento usado para evidenciar a leveza de Rapaz de bem (1955). E quando se utiliza do sax soprano para realçar a atmosfera da balada Olhos negros (1991) – primeira e única parceria de Alf com o letrista poeta Ronaldo Bastos – e para interpretar Sonhos e fantasias (1991).
Com arranjo e piano de Gilson Peranzzetta, também ouvido com a habitual precisão em Plenilúnio (1968), a balada Nós (1974) – evocativa de canções anteriores da faceta mais romântica da obra de Alf – tem a melodia iluminada pela flauta em sol de Senise, com espaço para recriações.
Mauro Senise jamais faz cover no álbum Ilusão à toa. O cancioneiro de Alf é filtrado pela estética de Senise, com reverência, mas sem devoção cega, ao compositor celebrado. O que justifica a ênfase na percussão tocada por Fábio Luna na gravação da música-título Ilusão à toa (1961), opção estilística que transpõe a balada para a atmosfera do samba-canção, sem sair do ambiente esfumaçado de uma boate.
O aconchego das boates sempre acomodou bem o cancioneiro de Johnny Alf, porque a obra do compositor pede sobretudo intimismo, mesmo quando cai no sambaião (como em Céu e mar, composição lançada em 1958 que exemplifica a moderna complexidade harmônica e melódica da obra de Alf) como no samba-choro, como na gravação de Podem falar (1953), faixa pontuada pelo vibrafone do arranjador Jota Moraes.
A emoção é depurada, como entendeu João Senise, solista convidado a dar voz a Eu e a brisa (1967), uma das canções mais sublimes e conhecidas de Alf.
No fim do disco, há a surpresa da aparição do próprio Johnny Alf, cuja voz é ouvida em registro de Melodia sentimental (Heitor Villa-Lobos, 1958) no qual Senise intervém virtualmente com o sopro da flauta do artista. O encontro virtual apresenta um Senise já maturado pela vida – de 70 anos completados em 18 de maio – ao desde sempre moderno Alf.
Contudo, é como se diante de tanta modernidade, reiterada no álbum Ilusão à toa, Mauro Senise conservasse aos 70 anos o mesmo encantamento juvenil do músico ainda inexperiente que foi tocado pela obra de Johnny Alf ao adentrar a boate carioca Le Bateau em 1973." Mauro Ferreira (g1.globo.com, 29.10.2020)

Temas

CD 1
01
Seu Chopin, desculpe
Johnny Alf
02
O que é amar
Johnny Alf
03
Disa
Johnny Alf - Maurício Einhorn
04
Rapaz de bem
Johnny Alf
05
Nós
Johnny Alf
06
Sonhos e fantasias
Johnny Alf
07
Ilusão à toa
Johnny Alf
08
Plenilúnio
Johnny Alf
09
Podem falar
Johnny Alf
10
Olhos negros
Johnny Alf
11
Eu e a brisa
Johnny Alf
Mauro Senise & João Senise
12
Céu e mar
Johnny Alf
Mauro Senise & Raul Mascarenhas
13
Melodia sentimental
Heitor Villa-Lobos
Johnny Alf & Mauro Senise