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Presença

Quaternaglia
Discos: Clásica / MPB

Disponible

16,62 € impuestos inc.

Ficha técnica Discos

Sello Paulus
Estilo Clásica / MPB
Año de Edición Original 2004
Instrumental

Más

Quaternaglia: Fernando Lima, João Luiz, Fabio Ramazzina y Sidney Molina.

Grabado en los estudios Paulus y Cia do Gato, en la ciudad de São Paulo, entre los dias 11 y 20 de mayo de 2004.

Cuarto registro discográfico del cuarteto de guitarras nacido en la ciudad de São Paulo en 1992.

"A idéia de utilizar temas do compositor e cantor popular brasileiro Milton Nascimento (1942) na elaboração de uma nova obra para quarteto de violões foi uma sugestão direta do compositor Leo Brouwer. A conversa que inspirou Sweet Mineira ocorreu em Montevideu (Uruguai), logo após o Quaternaglia ter gravado a obra integral para quatro violões do compositor cubano (CD-JHO, 1995). Sérgio Molina, violonista e Bacharel em Composição pela Universidade São Paulo na classe de Willy Corrêa de Oliveira – e autor de uma versátil produção que inclui sobretudo canções populares e música de câmara – trabalhou a partir de quatro temas de Milton, três dos quais mencionados por Brouwer. No primeiro movimento dialogam e fundem-se “Ponta de Areia”, uma bela melodia pentatônica que conta a história de uma ferrovia abandonada no caminho entre Minas Gerais e Bahia, e “San Vicente”, o relato de um “sonho estranho” que faz preencher de “vidro” e “corte” a subjetividade latino-americana. Ambas as canções contam com versos escritos por Fernando Brant. Segue-se – com versos de Ronaldo Bastos – “Cais”, cuja letra carregada de tensão pontua a necessidade de “inventar os limites para poder se soltar”, de “inventar o sonhador para poder sonhar”, e “Cravo e Canela”, que enumera com humor e malícia os mais variados “temperos” da culinária mineira. Na forma sonata quase clássica adotada para esse movimento final, Molina cita, ironicamente, o início da re-exposição do primeiro movimento da sonata Appassionata op.57 de Beethoven: uma nota dó grave – obstinadamente repetida – interfere no tema, atrapalha o seu re-surgimento; mas, apesar do incômodo, ele insiste em voltar e acaba finalmente se impondo, como se nada tivesse ocorrido. “San Vicente”, “Cais” e “Cravo e Canela” foram lançadas por Milton no histórico LP Clube da Esquina (1972), enquanto que “Ponta de Areia” surgiu no disco Minas (1975).

Paulo Tiné, compositor e guitarrista, também se formou na Universidade São Paulo, tendo estudado violão com Edelton Gloeden e freqüentado os cursos de Composição e Estética de Ricardo Rizek. Suas peças para violão solo têm grande interesse, e têm sido editadas na Europa pela Martin Müller Edition. Noite Escura, inspirada em poema homônimo do místico carmelita San Juan de la Cruz (1542-1591), revela a visão bastante pessoal que o compositor tem da música espanhola, enquanto que Presença é um choro que começou como uma homenagem ao compositor e instrumentista brasileiro Egberto Gismonti – citando a harmonia de sua peça Sete Anéis –, mas logo ganhou vida própria, incorporando características específicas da produção de Tiné, como leveza e swing no material temático, minuciosas transições entre as seções, modulações originais, e uma forma dinâmica, em constante desenvolvimento.

Rodrigo Vitta e Douglas Lora são talentosos músicos formados pelas classes de composição do Uni FIAM / FAAM em São Paulo, ambos sob a orientação de Ricardo Rizek. Vitta, um admirador da Segunda Escola de Viena, assume os riscos de estar sempre “nas fronteiras da tonalidade”: sua obra nada tem de nacionalista, sua visão de Brasil passa pelo rigor harmônico de Alban Berg e pela fase pré-dodecafônica de Schoenberg. Sonata, escrita para o Quaternaglia em 1997, foi orquestrada em 2000, tornando-se o primeiro movimento da Sinfonia Brasileira, obra premiada em concurso comemorativo aos “500 anos” do Brasil. Já a Paisagem Brasileira n.4, intitulada “Urbana”, foi inspirada em obra na qual a artista plástica brasileira Nele Azevedo confecciona homenzinhos de gelo que são colocados em pontos escolhidos de grandes cidades: no meio do caos urbano, as miniaturas apenas derretem, e provocam um incômodo quase inexplicável diante de sua fragilidade. As três primeiras obras da série “Paisagens Brasileiras” – intituladas respectivamente “Mangue”, “Cerrado”, e “Caatinga” – foram escritas para orquestra de cordas. Ao contrário de Vitta – que se dedica também à regência –, Lora tem sólida formação violonística, obtida graças a vários anos de trabalho sob a orientação de Henrique Pinto. Sua produção – predominantemente voltada ao violão – inclui peças para violão solo, duo e trio de violões. O caráter idiomático de sua escrita revela-se de imediato em Maracasalsa, sua primeira obra para quarteto de violões: escrita para o Quaternaglia, a peça marca uma virtuosística fusão do maracatu brasileiro com a salsa latina a partir de um inesperado uso das formas barrocas da toccata e da fuga.

A força das canções de Tom Jobim é tamanha que ofusca freqüentemente suas trilhas de cinema. Mas o cinema percorre toda a trajetória poética do compositor carioca, desde Orfeu Negro (1959), no início de sua carreira, até a trilogia Eu te amo (1981), Gabriela (1983) e Fonte da Saudade (1987). Crônica da Casa Assassinada, baseada em romance homônimo de Lúcio Cardoso (1912-1968) publicado em 1959, foi composta por Jobim especialmente para o filme A Casa Assassinada (1971), de Paulo César Saraceni, tendo sido premiada no I Festival de Cinema de Gramado. A adaptação realizada por João Luiz destaca os principais trechos da trilha gravados por Tom em seu LP Matita Perê (1973), incluindo “Trem para Cordisburgo” – referência à cidade natal do escritor mineiro Guimarães Rosa – e “Chora Coração”, que recebeu versos de Vinicius de Moraes.

É mais fácil falar hoje da obra de Radamés Ganattali. Não porque sua produção já tenha sido suficientemente estudada, mas porque o mundo musical tem caminhado para se tornar cada vez mais gnattaliano. Freqüentemente perseguido em vida tanto pelos nacionalistas quanto pela vanguarda, tanto pelos músicos populares quanto pelos eruditos, o compositor nascido em Porto Alegre e que viveu a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro tem encontrado lugar garantido no repertório deste início de século XXI. Sua visão urbana e altamente irônica do Brasil, fluência de escrita e ênfase em pacíficas fusões entre linguagens musicais contrastantes antecipou – em mais de 50 anos – o ambiente estético pós-moderno dos dias atuais. A maior parte das publicações sobre o repertório violonístico do século XX tem destacado a importância de obras tais como as duas Toccata em Ritmo de Samba, a Danza Brasileira, os 10 Estudos (para violão solo), os quatro concertos para violão e orquestra, o concerto para dois violões e orquestra, além de suas peças para dois violões, violão e piano e violão e flauta. A obra interpretada aqui pelo Quaternaglia em primeira gravação mundial é uma versão para quarteto de violões preparada pelo próprio Radamés em 1980 a partir de seu Quarteto de Cordas n. 1 por sugestão do violonista e compositor brasileiro Sérgio Assad." (Texto del libreto del disco)

Temas

CD 1
01
Sweet mineira sobre temas de Milton Nascimento - Ponta de areia, San Vicente & Variações
Sérgio Molina
05:09
02
Sweet mineira sobre temas de Milton Nascimento - Interlúdio no cais
Sérgio Molina
02:16
03
Sweet mineira sobre temas de Milton Nascimento - Sonata Cravo e canela
Sérgio Molina
04:06
04
Quarteto nº 1 - Movido
Radamés Gnattali
05:44
05
Quarteto nº 1 - II (Andando)
Radamés Gnattali
03:30
06
Quarteto nº 1 - Vivo
Radamés Gnattali
01:31
07
Quarteto nº 1 - Allegro
Radamés Gnattali
03:40
08
Sonata
Rodrigo Vitta
05:37
09
Paisagem brasileira nº 4 - "Urbana"
Rodrigo Vitta
02:59
10
Noite escura
Paulo Tiné
05:14
11
Presença
Paulo Tiné
03:30
12
Maracasalsa - Toccata
Douglas Lora
04:20
13
Maracasalsa - Fuga
Douglas Lora
04:24
14
Crônica da casa assassinada - Trem para Cordisburgo
Antonio Carlos Jobim (Tom Jobim) (Adapt. João Luiz)
01:22
15
Crônica da casa assassinada - Chora coração
Antonio Carlos Jobim (Tom Jobim) (Adapt. João Luiz)
02:27
16
Crônica da casa assassinada - Jardim abandonado
Antonio Carlos Jobim (Tom Jobim) (Adapt. João Luiz)
02:49
17
Crônica da casa assassinada - Milagre e palhaços
Antonio Carlos Jobim (Tom Jobim) (Adapt. João Luiz)
01:47