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Brasil Aquarius y Luiz Antonio (Ed. Jpn)

Brasil Aquarius & Luiz Antonio
Discos: MPB / Jazz

Disponible

27,90 € impuestos inc.

Ficha técnica Discos

Sello BMG
Estilo MPB / Jazz
Año de Edición Original 1973

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Luiz Antonio (voz), Brasil Aquarius: Erica Norimar (voz, percusión), Leonardo (piano, percusión), Ruben Serrano Filho (guitarra acústica, vibráfono, percusión, coros, arreglos),  Bonfa Burnier (Tavynho Bonfá) (guitarra eléctrica, percusión, coros), Walmer Sendim (bajo eléctrico, percusión), Raymundo Bittencourt (batería, percusión, coros, arreglos).

Reedición japonesa, de 2002, del disco lanzado originalmente en españa en 1973 por el sello Ariola.

"(...) um dos álbuns mais importantes da minha vida, um álbum que mudou e muito meu conceito de harmonia, um álbum que passei anos ouvindo todos os dias e ainda hoje, não há UM dia sequer, que eu esteja a caminho de algum lugar e deixe de selecionar ao menos uma canção e ouvir; e creiam, mesmo com o ouvido treinado de músico, sempre descubro um novo elemento, uma nuance diferente, um detalhe mínimo mas significativo como um todo, para este que SEM DÚVIDAS é um dos melhores álbuns produzido por artistas brasileiros, mesmo tendo sido gravado em Barcelona (Espanha).
Um grupo de exímios instrumentistas, um versátil e premiado cantor, dotado de um timbre raro, e uma cantora de uma extensão vocal admirável e que em parceria com Luiz Antonio, criou o que na minha opinião é um dos maiores duos vocais de que se tem registro, com arranjos de extremo bom gosto. Esta cantora se chama Érica Norimar.
O álbum tinha tudo para soar como mais do mesmo,  já que não contém nenhuma canção inédita, um álbum completo de releituras de canções que em sua maioria já eram vistas naquela época, e hoje mais ainda, passados 42 anos, como verdadeiros clássicos da nossa música, algumas regravadas por uma infinidade de artistas; mas me arrisco a dizer que ainda hoje, nada parecido com o que se pode ser encontrado nesse álbum.
O álbum começa com a canção "Dia 4 Dezembro" (Tião Motorista), gravada por Maria Bethania, no ano de 1971. A temática da canção é voltada para cultos africanos e Bethania como boa baiana que é, conseguiu cumprir bem essa missão por meio de um típico samba baiano, ao melhor estilo do que era feito por Batatinha (cultuado sambista baiano); mas... Eis que surge esse  jovem grupo de músicos, em território gringo e reinventam tudo. Na introdução se ouve um vibrafone, uma guitarra (da qual muito será citada nessa postagem); compondo uma dobra com o vocalize afinadíssimo e a bateria marcando a cabeça das notas no prato de ataque com uma precisão cirurgica, seguido de uma fração de pausa harmônica e aí é puro deleite... Entra a trupe toda, com um baixo (Walmer Sendim) forte e marcante, um violão (Ruben Serrano Filho) estratégico e de muito bom gosto, um belíssimo piano, agogô, cuíca e muito swingue, por parte de Luiz Antonio que da um show de interpretação.
A segunda canção é daquelas que todo mundo tem na ponta da língua, "País Tropical" (Jorge Ben) que já é "bonita por natureza", com todo o samba rock, característico, de seu compositor; mas que ganha toda uma qualidade no que diz respeito a arranjos e em determinados momentos se torna irreconhecível. A canção é conduzida, e muito bem conduzida, pelo piano de Leonardo Luz, contando com um trecho, que antecede a execução do refrão, apenas com um vibrafone, intervenções da bateria de Raymundo Bittencourt e... A guitarra de Bonfa Burnier (ou Tavynho Bonfá, se assim preferir) que ao longo deste álbum se pode dizer que é uma aula de abordagens e de toda a versatilidade e sonoridades que se pode extrair de uma guitarra. O uso de efeitos, técnicas para a mão direita, por vezes ditando um frenético ritmo daqueles que pira qualquer amante do instrumento, assim como em outros momentos em que a precisão das notas extraídas pela mágica mão esquerda que desliza pelo braço do instrumento, como se Homem e instrumento fossem um só elemento. Bem! voltando à canção de Jorge Ben. A penúltima execução do refrão conta apenas com a voz de Luiz Antonio, um show de instrumentos de percussão e a onipresente guitarra de Tavynho, explorando a parte mais aguda da guitarra, com uma levada rápida e puro swingue. Perfeita!
Próxima canção: Madalena (Ivan Lins). A alma dessa canção é o belíssimo violão e os arpejos belíssimos do piano, onde mais uma vez a guitarra em uma abordagem surpreendente da um ar todo especial á obra. A bateria é tão essencial como funcional, mantendo na maior parte do tempo uma condução feita pelo contra-tempo e o aro da caixa, seguido por algumas viradas no momento ideal. Se ouve uma cuíca "chorando" que só mostra mais uma vez o quão pensado foi cada detalhe; com a música terminando com Luiz Antonio acompanhado por vocais de apoio e só a percussão segurando a onda.
O álbum segue com uma versão para "Marta Saré" (Edu Lobo), apresentando enfim a bela voz de Erica Norimar, que impõe todo um vigor na interpretação da canção. A versão lembra um pouco a gravada em 1969, por Elis Regina, mas nada que soe como uma simples cópia, tudo por conta da identidade músical de cada músico que participou desse trabalho e o cuidado de sempre incluir um elemento que diferencie do senso comum.  
Em "Sonhos" (Egberto Gismonti), também gravada antes por Elis Regina, vejo um dos pontos mais altos desse álbum. Uma bela introdução, com destaque para o violão, seguido de uma dobra avassaladora entre o baixo e a guitarra, momento que precede o primeiro dos solos de guitarra contidos nessa música. Impressionante a clareza com a qual todos os instrumentos criam harmonias complexas e conseguem igual destaque, sem que fique uma canção poluída, com excesso de informações. O trabalho do baixo é bem forte nessa canção, mas há um longo solo de guitarra que em determinados momentos são acompanhados pelos solfejos de Luiz Antonio, que é lindo demais, usando e abusando dos efeitos e uma sólida técnica no uso do pedal wah wah, encaixando as ondas sonoras emitidas em seus devidos lugares. Só ouvindo para entender...
A seguir um dos momentos de maior beleza, o esperado, primeiro, casamento perfeito entre as vozes de Erica e Luiz Antonio, em "Feitinho pro Poeta" (Baden Powell / Lula Freire). A música é uma bossa, conduzida por um violão digno do compositor da canção e o piano fazendo uma cama linda, para que todo o destaque fique por conta das vozes.
Em um segundo momento, eis que as vozes se reencontram, mas agora na vigorosa e quase intergaláctica "Sonhos" (Egberto Gismonti). O trabalho do piano é avassalador, domina a música, acompanhado de um violão bem executado, descargas quase que elétricas de uma guitarra extremamente furiosa que aos poucos mostra a que veio, em uma dobra com o contrabaixo; novamente Tavynho usa e abusa dos efeitos, na medida certa. Quanto ás vozes, o que se ouve é incrível, o resultado é impecável e impossível de se interpretar cada detalhe antes de muitas e muitas acionar o recurso "repeat".
A próxima interpretação fica por conta de Erica, com uma versão linda de "Qui nem Jiló".(Luiz Gonzaga). Alguém se arriscaria a introduzir demais recursos e técnicas à canção composta e eternizada pelo Rei do Baião? Eles tiveram essa coragem... O que o rei fez, e é marcado por sua beleza e ar extremamente regional, essa galera não teve o mínimo pudor de meter piano, bateria, baixo, guitarra, violão, triângulo e um vibrafone. O resultado é inusitado.
Há uma versão de "Nada Será como Antes" (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos), lançada, originalmente, um ano antes no clássico álbum "Clube da Esquina", cantada por Luiz Antonio e que também ficou bem interessante. Os arranjos também lembram o original, afinal se tratando de algo que foi feito pela galera lá de Minas Gerais, realmente não havia muito o que se mexer, seria até heresia.
A penúltima canção é uma versão para a extremamente baiana "Rosa Morena" (Dorival Caymmi) que se pode dizer que foi inteiramente refeita e apenas a letra foi mantida. Claro que ouvir o vozeirão de Caymmi e seu jeitão de trovador é um marco da nossa música, mas o que Luiz Antonio e sua trupe fizeram nessa canção... Impressiona! Um Samba Jazz de primeira linha, um mar de pausas, que fazem a canção respirar, o vibrafone em conjunto com o piano e uma aula de arpejos por parte da guitarra de Tavynho. O timbre de semi-acústica é animal, daquele que cada bend é de fechar os olhos e soltar um "PUUUUTZZZZ", as progressões (Meu Deus, o que esse cara fez...); Não da para explicar, tem que ouvir...
E fechando o álbum, nada mais, nada menos que "Água de Beber" (Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes). Dizem que o melhor fica para o final. A canção é interpretada por Erica Norimar e é iniciada com aquela pegada samba jazz, onde TODOS os instrumentistas guardaram todas as suas forças e recursos para incluir nessa que sem duvidas é a MELHOR versão que já ouvi dessa canção, não esquecendo a quantidade absurda de grandes artistas que já realizaram essa gravação. Se já não bastasse Erica ter soltado o vozeirão e mostrado de uma vez por todas tudo do que é capaz, no meio da canção acontece uma convenção muito louca para um sambão (com direito a cuícas e agogôs), partindo para uma onda futurista onde a guitarra trás uma sonoridade que parece um mix de flanger com delay e mais sei lá quantas coisas (lembrando que ouvi do próprio Tavynho Bonfá, que a guitarra utilizada foi comprada por ele, lá fora, sem sequer saber que havia pertencido ao lendário e experimental Robert Fripp (King Crimson), ou seja! Robert deve ter mexido MUITO nessa guitarra e isso certamente ajudou na sonoridade encontrada), onde daí se desenrola novamente o samba jazz, mas com destaque para a fusão entre o vibrafone, piano e guitarra, onde flui um solfejo lindo, de arrepiar mesmo. Depois de toda essa viagem, Erica retorna à pegada inicial, que termina com um solo de guitarra, entre instrumentos de percussao, e um final animal com Erica mostrando um alcance incrível... " Jonn Nascimento (Vire o vinil, 25.12.2015)

Temas

CD 1
01
Dia 4 de dezembro
Tião Motorista
02
País tropical
Jorge Ben Jor (Jorge Ben)
03
Madalena
Ivan Lins - Ronaldo Monteiro de Souza
04
Marta Saré
Edu Lobo
05
Se você pensa
Roberto Carlos - Erasmo Carlos
06
Feitinha pro poeta
Baden Powell - Vinicius de Moraes
07
Sonho
Egberto Gismonti
08
Qui nem jiló
Luiz Gonzaga
09
Nada será como antes
Milton Nascimento - Ronaldo Bastos
10
Rosa morena
Dorival Caymmi
11
Água de beber
Antonio Carlos Jobim (Tom Jobim) - Vinicius de Moraes