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Novas famílias

Marina Lima
Discos: Pop / Electrónica

Disponible

37,31 € impuestos inc.

Ficha técnica Discos

Sello Pommelo Distribuções
Estilo Pop / Electrónica
Año de Edición Original 2018

Más

Marina Lima (voz, guitarras, teclados, loops, programaciones)

Maria Beraldo (clarinete), Edy Trombone (trombón), Dustan Gallas (bajo, teclados, guitarra eléctrica, coros, programaciones), Leo Chermont (guitarra eléctrica) Arthur Kunz (batería, teclados, programaciones), Ademir Batista, Célia dos Santos, Leandro NomuraLídice Xavier y Renato Gonçalves (coros), Filipe Massumi (cello), João Brasil (programaciones, coros).

Participación especial de: Letrux (voz), Silva (teclados, pads, programaciones), Marcelo Jeneci (piano, coros), Leo Gandelman (saxo), Edu Martins y Alex Fonseca (teclados, programaciones).

"Para começar a discorrer sobre o 21º álbum de Marina Lima, Novas famílias (Pomm_elo), é preciso esclarecer que nada soa tão provocativo e fora da ordem pré-estabelecida pela própria artista quanto o funk Só os coxinhas (Marina Lima e Antonio Cicero).
Previamente lançado em single em 23 de fevereiro, antecedendo o álbum que chegou ao mercado fonográfico em 16 de março, Só os coxinhas resultou histórico somente pelo fato de emular o batidão e o linguajar popular do marginalizado funk carioca com a assinatura do imortal Antonio Cicero, com quem Marina reabre parceria interrompida no fim dos anos 2000.
Só os coxinhas polarizou opiniões nas redes sociais e repôs Marina em foco – evidência que não aconteceu com o anterior (e subestimado) álbum de músicas inéditas da artista, Clímax (2011), lançado já há sete anos com safra autoral mais inspirada do que a de Novas famílias, disco que apresenta somente sete músicas inéditas entre as nove faixas.
Produzido por Marina com Dustan Gallas (polivalente músico da banda cearense Cidadão Instigado), com a colaboração de Arthur Kunz (metade do duo paraense Strobo), o álbum Novas famílias tem o mérito de conectar Marina com uma cena contemporânea, atual, sem repetir fórmulas. Tal conexão soa natural na obra de artista que já veio antenada e moderna ao mundo do disco, em 1979, empunhando uma guitarra na contracapa de álbum em que, entre canções autorais, dava voz a compositoras cariocas como a pioneira Dolores Duran (1930 – 1959) e a então emergente Angela RoRo.
A questão é que a produção de Novas famílias tem mais vigor do que o (bom, mas não excelente) repertório reunido no disco pela artista de ascendência piauiense e vivência cosmopolita, típica de quem se criou entre Estados Unidos e a cidade do Rio de Janeiro (RJ) até migrar em 2010 para a cidade de São Paulo (SP), onde mora até os dias de hoje.
A vivência paulistana da artista pautou Novas famílias como inspirou o antecessor Clímax. Só que a vibe é outra. Clímax abriu o leque de ritmos e de parceiros com certa diluição dos códigos da obra autoral da artista. Nesse sentido, Novas famílias soa mais radical porque procura inserir a velha Marina (ainda jovial, aos 62 anos) em nova ordem musical.
Para quem admira a assinatura personalíssima da compositora, a música-título Novas famílias (Marina Lima) sobressai no repertório em gravação adornada com o vocal e com toque do piano de Marcelo Jeneci, artista que pavimentou a ponte de Marina com o talentoso Dustan Gallas. Música também composta por Marina sem parceiros, no caso para a trilha sonora do ainda inédito filme Baleia, no qual a cantora também participa como atriz, Árvores alheias se irmana com Novas famílias no topo do ranking da safra autoral apresentada por Marina em 2018. Com letra que propõe o enterro das sombras do passado, Árvores alheias está imersa em ambiência eletrônica – em linguagem com a qual a artista já tem intimidade – e mira o tempo presente, mote do álbum.
Composição apresentada como samba-funk, porém de cadência mais funkeada e inspirada pelo Miami Bass, Juntas é parceria de Marina com o irmão Antonio Cicero que retrata as cores de São Paulo, em especial o entardecer paulistano, em comparação com a paisagem solar do Rio de Janeiro. Feito sem rivalidade, esse confronto pacífico busca irmanar cidades que "juntas só reforçam o Brasil", como canta Marina com a voz (muito bem colocada) que lhe resta.
E por falar em Brasil, o país é retratado de forma impiedosa ("Pelo fim da fachada / Dessa terra adorada") em Mãe gentil, parceria de Marina com Arthur Kunz e com Letícia Novaes, coautora da letra corrosiva (escrita com Marina com base em tema instrumental enviado por Kunz) e convidada da faixa eletrônica gravada com as programações de Kunz e Gallas.
Mirando musa "arrogante e irritante", mas outrora "calorosa e manhosa", Marina também manda recado na cadência sintética do samba que dita o ritmo gracioso de Climática (Gian Correa e Klébi Nori, 2015), música lançada há três anos pela cantora paulistana Klébi Nori, coautora do samba que soa deslocado no tom de Novas famílias.
Climática mesmo é a balada Do Mercosul. Parceria de Silva com Dustan Gallas, finalizada com o toque pessoal de Marina no Uruguai durante o período de filmagem do longa-metragem Baleia, a canção Do Mercosul extrapola a fronteira brasileira com a intenção de promover a unidade sul-latino-americana com dose poética de amor e sexo e com solo de saxofone em que Leo Gandelman remete intencionalmente à gravação de Preciso dizer que te amo (Dé Palmeira, Cazuza e Bebel Gilberto, 1986) feita por Marina para o álbum Virgem (1987), um dos melhores títulos da discografia da artista.
Contudo, é no Brasil que Marina alarga o eixo estético do cancioneiro autoral ao gravar É sexy, é gostoso (Marina Lima, Arthur Kunz e Dustan Gallas) com base sintética que evoca o tecnobrega do Pará. Sedutora, a música versa com liberdade sobre a conjunção feliz de amor e sexo, "essa chuva de tesão no peito". É como se É sexy, é gostoso atualizasse, musical e poeticamente, o discurso quente de Uma noite e 1/2 (Renato Rocket, 1987), hit fugaz de Marina em verão da década de 1980.
Aliás e a propósito, foi nesses anos 1980, década de consolidação da música de Marina Lima, que a artista lançou Pra começar (Marina Lima e Antonio Cicero, 1986), música propagada na abertura da novela Roda de fogo (TV Globo, 1986) em raríssima gravação de estúdio que não entrou no álbum Todas ao vivo (1986) e tampouco no disco com a trilha sonora nacional da novela (ambos apresentaram a gravação ao vivo). Pra começar reaparece no álbum Novas famílias em gravação de estúdio que evoca a pegada roqueira do registro ao vivo de 1986 em tons contemporâneos. A regravação está sintomaticamente alocada como faixa-bônus porque, em Novas famílias, Marina olha para frente, sem se escorar no passado áureo e em "histórias velhas que o tempo levou"." Mauro Ferreira (g1.globo.com, 20.03.2018)

Temas

CD 1
01
Novas famílias
Marina Lima
Marina Lima & Marcelo Jeneci
02
Juntas
Marina Lima - Antonio Cícero
03
Árvores alheias
Marina Lima
04
Mãe gentil
Arthur Kunz - Marina Lima - Letícia Novaes
Marina Lima & Letrux
05
Só os coxinhas
Marina Lima - Antonio Cícero
06
Climática
Klébi Nori - Gian Correa
07
É sexy é gostoso
Marina Lima - Dustan Gallas - Arthur Kunz
08
Do Mercosul
Silva - Marina Lima - Dustan Gallas
Marina Lima, Silva & Leo Gandelman
09
Pra começar (bonus)
Marina Lima - Antonio Cícero
Marina Lima, Edu Martins & Alex Fonseca