Absoluto

Daisy Cordeiro
Disques: MPB

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Fiche technique Disques

Timbre	Lua Music
Style	MPB
Année d'origine Édition	2009

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Daisy Cordeiro (voz, dirección)

Josias Damasceno (acordeón), Michel Freideson (piano), Rudy Arnaut (guitarra eléctrica, arreglos), Marcus Paiva (contrabajo), Ramon Montagner (batería), Douglas Alonso (percusión), Rafael Altério (triángulo, coros), Renato Epstein, Bruno Buarque, João Simão y Marcelo Pretto (voz, percusión corporal).

Participación especial de: Keco Brandão (piano, pads, arreglo).

Edición en formato Digipack.

Segundo disco como titular (además del proyecto "Soft samba" de 2006) en el que la cantante mineira asentada en la ciudad de São Paulo muestra su faceta de compositora, que suma a la de excelente intérprete.

"Absoluto, o novo disco de Daisy Cordeiro, chegou ao estúdio (aos estúdios, ela gravou em mais de um) já amadurecido por dois anos de temporadas em palcos da cidade e fora dela. Foi gravado ao vivo nos estúdios – significando que Daisy e seus músicos maravilhosos fizeram tudo ao mesmo tempo, ela cantando, eles tocando (eventualmente cantando, também), como se estivessem numa apresentação. Ela me conta que gostaria de ter gravado ao vivo mesmo, urdiduras, panos, luzes, platéia, o calor da simbiose na troca de carinhos e carinhos entre artista e seu público. “Sempre fui uma cantora de palco”, conta, “muito mais do que de estúdio”. De certa forma, discordando um pouco dela, acho que foi melhor assim como está feito. Há menos interferências (sempre alguém tosse, ou manifesta o entusiasmo que não pode ser cortado na mixagem). Razão principal para minha preferência: Daisy conseguiu levar a emoção do palco para entre as paredes acusticamente tratadas dos estúdios. É um disco ao vivo. Mesmo. Daisy começa de maneira muito forte, num canto quase tribal de Rafael Alterio e Kaká, atmosfera reverente realçada pela participação brilhante das percussões vocais e corporais dos Barbatuques, o grave do gênio Marcelo Pretto fazendo contraponto estético e de significado ao soprano da cantora. Segue num samba surpreendente, quebrado, malandro, irresistível de outro gênio, o cantor, instrumentista, poeta Elio Camalle, autor da melodia em O Samba e a Luz, letra de Rodrigo Campos, que embute uma frase daquelas só cabíveis no samba, capaz de ser alegre e terrivelmente triste ao mesmo tempo: “Engraçado esperar o que não existe”. Pois é. O acordeon (os dicionaristas preferem o aportuguesado “acordeão”, mas eu fico com a forma que Gonzaga, Sivuca e Dominguinhos assumiram) de Josias Damasceno acentua o tom nostálgico de Moronguetá, de Daniel Gonzaga e João Gaspar, um pouco baião, um pouco ciranda, essas brasilidades, que aparecem de novo no malicioso, sacana samba de fato Deixa Dilson, Vamos Nelson, de Gonzaguinha, filho de Gonzagão, pai do Daniel da faixa anterior. No passeio pelas brasilidades musicais segue-se o samba-canção com cheirinho de blues Coração de Brinquedo, melodia de Daisy (verdade, ela é uma bela compositora) com letra de Elio Camalle, e extraordinário base instrumental do trio virtuose que funciona em boa parte do disco – arranjo e violão de Rudy Arnaut, piano de Michel Freidenson, contrabaixo de Marcos Paiva. Elio Camalle reaparece na faixa seguinte, assinando em trio com Mauricio Lyra e Leo Nogueira no suingue de Navegar É, Daisy canta: “Minha garganta é a santa que me protege”, feliz construção. Daisy abre espaço, de novo, para Daniel Gonzaga (aliás, esse menino merece maior reconhecimento do que lhe é dado) autor de letra e música em Perdido no Meio das Ondas. Rafael e Rita Alterio assinam a pungente canção Fio da Meada. Quem não fica arrepiado com tal maravilha é – como é mesmo, Caymmi? – ruim de amor ou doente do coração. A participação vocal do tenor Rafael é daquelas maravilhas que não se explicam, tempos. O pianista (e tocador de qualquer outro instrumento que você consiga citar) Keco Brandão assina o arranjo e é o único músico da valsa Nós, de Daisy, Elio Camalle e Leo Nogueira. O oceano se traduz em gotas de orvalho na noturna e delicada Solar de Rafael Alterio e Elio Camalle. Maromba é outra composição de Daisy, em parceria com Rudy Arnaut e Rita Alterio, delicadeza pura, a luz é musica – dizem os versos, lá pelas tantas. E, fechando a compilação, em arranjo cheio de suspresas de Rudy Arnaut e programação eletrônica de Fernando Forni, o clássico Trilhos Urbanos, de Caetano Veloso. Como no disco de estréia, Daisy Cordeiro preferiu compositores menos visíveis na escalação do repertório, prestando um belo serviço à sempre-viva canção brasileira. Todos os cuidados, da escolha das canções aos cuidados nos arranjos, da entrega interpretativa de Daisy ao capricho de não mascarar eventuais defeitos da voz gravada ao vivo fazem de Absoluto um disco lindíssimo, indispensável nas boas prateleiras. Quem discordar, tente provar. Não vai conseguir." (Mauro Dias, São Paulo, verano austral de 2009)